O horizonte inebriante sobrepuja a capacidade de reflexão
ondular. Fácil seria a oração estúpida esculpida de um cuspe alheio que
sobrasse no seu rosto entalhado como uma madeira cheia de cupim.
O impulso é uma variante da coragem reprimida dentro do
querer absurdo, tão falante, tão gritante que lhe deixa surdo. Como se não
fosse dono dos movimentos, o corpo agi pra lá, pra cá sem previsão de
momento e na calada do silêncio,
esperneia o que sempre esteve ali subentendido, guardado, torna-se desprendido,
onde nele traz a razão de um ser não arrependido.
O pulso tem que ser forte para controlar o incontrolável.
Incessante, inerente, as vezes incoerente, seguir os pensamentos é uma variante
nada descente, no universo da perfeição, o torna um demente, desprovido da
segurança, sem ter o que fazer, na cegueira que um dia alcança.
Ouço, quando a surdez é grande, as batidas do coração
falam e em tom de uma nota só constroem uma melodia, que não sabe se é cedo ou
tardia de uma vontade que até arrepia. Nesta estrada desconexa, mesmo
irregular, mesmo sem medida, no meio da escuridão a única luz que é possível de
se enxerga é a que se pode, vida.